O expulsivo é o momento do parto em que o bebê efetivamente nasce. É uma fase rápida do trabalho de parto, em comparação com as fases precedentes (fase latente e ativa da dilatação), que podem durar várias horas - às vezes até mais de um dia. O expulsivo é o momento dos finalmentes do parto: é quando, após uma longa espera, todos os coadjuvantes vão se posicionando em volta da mulher, e iniciando os preparativos para receber o bebê.
Mas você sabe o que está acontecendo com a mulher nesse momento?
Em primeiro lugar, o bebê desceu. Isso significa que, com a força das contrações uterinas, a cabeça do bebê se inseriu no túnel ósseo formado pelo osso da bacia da mãe. Com isso, a dor das contrações se intensificou e ela agora sente que algo a está "partindo no meio". Essa sensação se deve ao contato direto entre os ossos da mãe e os ossos do crânio do bebê, e desaparece assim que a cabeça termina de passar.
Em segundo lugar,a dilatação se completou, o que significa que já não há mais impedimento para que o bebê desça pelo canal vaginal. Seu corpinho, apertado pelas contrações, é empurrado para baixo, e sua cabeça então começa a fazer pressão no intestino grosso da mãe. É normal, nesse momento, que a mulher diga que está com vontade de fazer cocô. Conforme as contrações vão empurrando o bebê, ele se insere cada vez mais profundamente no canal, e a vontade vai ficando mais intensa. De acordo com diversos relatos, a sensação desse momento é de que a mulher vai fazer o maior cocô de toda a sua vida, e ela PRECISA botar ele para fora AGORA. A força feita na hora do parto é uma força incontrolável (não adianta pedir para a mulher "esperar um pouquinho" porque é impossível, então nem tente, ok?).
A cada força feita pela mãe o bebê desce um pouco mais no canal vaginal, e a cada intervalo entre contrações ele volta a subir um pouco. Nesse vai e vem, a vagina da mulher vai se vascularizando, tornando-se mais flexível graças ao afluxo de sangue, ea cabeça do bebê vai se moldando ao espaço disponível, formando a chamada bossa. É normal que o bebê que nasce de Parto Normal ou Natural tenha o crânio alongado ao nascer. Isso não causa danos ao bebê nem é permanente. Geralmente, em 24 horas, o crânio do bebê já retoma sua forma original.
Para fazer o seu trajeto pelo canal de parto, o bebê precisa se posicionar. Para isso, a mãe também precisa se movimentar. Durante todo o trabalho de parto, é recomendável variar posições, e na fase expulsiva, isso não é diferente. Às vezes é necessário testar várias posições até achar aquela que vai facilitar a saída do bebê. Contar com a ajuda do seu parceiro ou de uma Doula, servindo de apoio para fazer as posições mais exigentes, é essencial.
A melhor maneira de expulsar o bebê é deixando a natureza agir sem interromper o processo. Quando a mãe faz força apenas quando e como sente vontade, as chances de laceração diminuem bastante. Mesmo que a mulher não faça força nenhuma na hora do expulsivo (o que é muito difícil, pois a vontade de fazer força é incontrolável), o bebê é expulso do útero pela força das contrações (reflexo de ejeção fetal). Falar AAAAAAA ou soprar o ar durante as contrações do expulsivo permite que a mulher não faça força demais, preservando assim o períneo de lacerações - mas não são todas as mulheres que conseguem NÃO fazer força nessa hora!
O bebê nasce olhando para o bumbum de sua mãe, na grande maioria dos casos. Então a cabeça efetua um giro de 90° e o bebê passa a olhar para a coxa da mãe. Esse giro é necessário para que o bebê possa então passar seus ombros. É comum que o bebê pare com a cabeça do lado de fora e o corpo ainda dentro do canal vaginal durante alguns minutos. Isso não faz mal ao bebê, e é essa compressão que faz ele expelir todo o líquido amniótico que se encontrava em seus pulmões e estômago. É graças à essa compressão que os bebês nascidos por via vaginal têm mais facilidades para respirar do que os bebês nascidos por via cirúrgica. Muitas vezes, ao passar o corpo pelo canal vaginal, o intestino do bebê também se esvazia, e ele faz o chamado mecônio (um cocô verde mucoso).
Quanto mais vertical a mulher estiver no momento do expulsivo, melhor! Isso porque a gravidade ajuda o bebê a descer, permitindo que a mulher faça menos força do que se estivesse deitada. A posição vertical também permite maior mobilidade dos osso da pelve, e consequentemente um aumento de até 30% do espaço que o bebê terá para passar. As posições de quatro, de cócoras e de joelhos são consideradas as mais fisiológicas para parir, e é possível observá-las em diversas culturas ao longo da história da humanidade. A posição deitada de barriga para cima, além de ser a mais desconfortável para a mulher, ainda dificulta a saída do bebê, ao impedir a livre movimentação da pelve. É bom evitá-la sempre que possível.
O expulsivo termina com o nascimento do bebê, que pode então ir para o colo da mãe para iniciar sua adaptação à vida extra-uterina.O ideal é que o cordão umbilical não seja clampeado nos primeiros minutos de vida, para que essa transição seja menos traumática, e o bebê continue recebendo sangue e oxigênio da placenta até conseguir efetivamente respirar. Quando isso acontece, o cordão umbilical, agora obsoleto, se esvazia de seu conteúdo, e a placenta então vai se soltando da parede uterina. Acontece então a dequitação.
Veja a seguir um vídeo que mostra bem o bebê girando durante o expulsivo. As imagens são dos anos 70, portanto algumas práticas, como colocar a mulher deitada de barriga para cima, já estão um pouco desatualizadas. É interessante observar como se dá o nascimento do bebê sem que seja feito nenhum procedimento ou intervenção direta nesse momento:
Veja a seguir um vídeo que mostra bem o bebê girando durante o expulsivo. As imagens são dos anos 70, portanto algumas práticas, como colocar a mulher deitada de barriga para cima, já estão um pouco desatualizadas. É interessante observar como se dá o nascimento do bebê sem que seja feito nenhum procedimento ou intervenção direta nesse momento:
PROCEDIMENTOS MÉDICOS COMUNS NO EXPULSIVO
Ainda são procedimentos comuns nos hospitais brasileiros:
- POSIÇÃO DE LITOTOMIA E MANOBRA DE VALSALVA
A posição de litotomia (deitada de barriga para cima) é a mais desconfortável para a mulher, e a obriga a fazer força contra a gravidade durante o expulsivo. Nessa posição, o osso da pelve encontra-se imobilizado, e consequentemente é mais trabalhoso para o bebê posicionar-se para nascer. O espaço para sua passagem também se encontra reduzido, tornando o parto mais difícil e dolorido.A força prolongada e dirigida (manobra de Valsalva) é rotina na maioria dos hospitais, apesar de estudos apontarem que ela não traz nenhum benefício e pode até prejudicar as trocas gasosas entre mãe e feto. A mulher deveria poder fazer força como e quando sente vontade durante seu parto; não é necessário que digam a ela como deve fazer e, muitas vezes, isso mais atrapalha do que ajuda.
- EPISIOTOMIA
A Episiotomia (corte na vagina) é feita no momento em que a cabeça do bebê está passando. É uma prática sem embasamento científico, na maioria das vezes feita por hábito do profissional. De acordo com a obstetra Melania Amorim: "Se o corte foi "pequenininho" e "bonitinho", não era necessário MESMO. Por outro lado, as lacerações espontâneas, ao contrário do que dizem os velhos tratados, NÃO são mais difíceis de se reparar que a episiotomia, normalmente requerem menos pontos, são menos profundas, não envolvem 5 grupamentos musculares, algumas sequer necessitam de sutura. Por fim, a única forma de se obter períneo íntegro (nossa meta) é NÃO fazer episiotomia. Mesmo em mulheres sem absolutamente qualquer preparação durante a gravidez, sem massagem, sem Epi NO, somente com cuidados intraparto eu consigo 55% de períneo íntegro nos partos sem episiotomia." Fonte
A Manobra de Kristeller é um procedimento que ainda é, infelizmente, bastante comum nas maternidades brasileiras, apesar da Organização Mundial da Saúde classificá-lo como um procedimento frequentemente usado de forma inadequada. Trata-se de fazer uma pressão no fundo do útero da mulher durante o expulsivo, para empurrar o bebê para fora. Essa manobra é extremamente dolorosa, e pode ter consequências extremamente desagradáveis, como prejudicar a oxigenação do feto, causar edemas no colo do útero e na vagina, causar enormes lacerações vaginais e até mesmo trincar ou quebrar costelas da mulher.
- MANOBRA DE KRISTELLER
A Manobra de Kristeller é um procedimento que ainda é, infelizmente, bastante comum nas maternidades brasileiras, apesar da Organização Mundial da Saúde classificá-lo como um procedimento frequentemente usado de forma inadequada. Trata-se de fazer uma pressão no fundo do útero da mulher durante o expulsivo, para empurrar o bebê para fora. Essa manobra é extremamente dolorosa, e pode ter consequências extremamente desagradáveis, como prejudicar a oxigenação do feto, causar edemas no colo do útero e na vagina, causar enormes lacerações vaginais e até mesmo trincar ou quebrar costelas da mulher.
Boa Noite!
ResponderExcluirTive um desses partos humanizados, agradeço pela minha filha ter vindo de forma natural, mas repudio esses profissionais mal preparados que o nosso governo contrata.
Devido a falta de informação destes eu me predispus a todo trabalho pré- parto possivel...
Não me fizeram episeo acabei tendo lacerações frontais vaginais, destruindo o lado esquerdo do meu clitoris e meu grande labio...
Agradeço por estar sendo lida esta msg, pois estou em depressão por isto, o que me ajuda a cada dia é ter certeza que minha filha recem nata precisa muito de mim...
estou aberta a entrevistas
cr.professora@gmail.com