segunda-feira, 11 de março de 2013

Indicações Reais e Fictícias de Cesariana




INDICAÇÕES REAIS E FICTÍCIAS PARA A CESÁREA

Algumas indicações de cesariana

REAIS

1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;

2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;

3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);

4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);

5) Ruptura de vasa praevia;

6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.


PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA

1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);

2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);

3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma.

SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO

1) Apresentação pélvica (recomenda-se a versão cefálica externa com 37 semanas mas se não for bem sucedida, discutir riscos e benefícios com as gestantes: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);

2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% - 1% - deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia);

3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.


Algumas desculpas utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea (em ordem alfabética)

1.   Abdominoplastia prévia
2.   Aceleração dos batimentos fetais
3.   Adolescência
4.   Ameaça de chuva/temporal na cidade
5.   Anemia falciforme
6.   Anemia ferropriva
7.   Anencefalia
8.   Artéria umbilical única
9.   Asma
10. Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
11. Bacia "muito estreita" 
12. Baixa estatura materna 
13. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso 
14. Bebê alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
15. Bebê profundamente encaixado 
16. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto 
17. Bebê "grande demais" (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal). 
18. Bebê "pequeno demais" 
19. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe) 
20. Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
21. Candidíase
22. Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal) 
23. Cegueira materna
24. Cesárea anterior 
25. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma 
26. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso) 
27. Cirurgia gastrointestinal prévia 
28. Colestase gravídica 
29. Coleta de sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
30. Colo grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
31. Colostomia 
32. Conização prévia do colo uterino 
33. Constipação (prisão de ventre) 
34. Cálculo renal 
35. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra) 
36. Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século) 
37. Diabetes mellitus clínico ou gestacional 
38. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
39. Dorso à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
40. Edema de membros inferiores/edema generalizado 
41. Eletrocauterização prévia do colo uterino 
42. Endometriose em qualquer grau e localização 
43. Epilepsia e uso de qualquer droga antiepiléptica
44. Escoliose 
45. Espondilite anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
46. Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
47. Exérese prévia de pólipos intestinais por colonoscopia 
48. Falta de dilatação antes do trabalho de parto
49. Feto com "unhas compridas" 
50. Feto morto 
51. Fibromialgia 
52. Fratura de cóccix em algum momento da vida 
53. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come) 
54. Gestação gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica 
55. Gravidez não desejada 
56. Grumos no líquido amniótico 
57. HPV (só há indicação de cesárea se há grandes condilomas obstruindo o canal de parto) 
58. Hemorroidas 
59. Hepatite B e hepatite C 
60. Hiperprolactinemia 
61. Hipertireoidismo 
62. Hipotireoidismo 
63. História de cesárea na família 
64. História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez 
65. História de depressão pós-parto 
66. História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior 
67. História de trombose venosa profunda 
68. História familiar de fibrose cística do pâncreas
69. Idade materna "avançada" (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos) 
70. Incisura nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve realizar dopplervelocimetria em uma gravidez normal) 
71. Infecção urinária 
72. Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês "superdesejados" teriam melhor prognóstico com a cesárea) - motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal 
73. Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da circlagem) 
74. Laparotomia prévia 
75. Líquido amniótico em excesso
76. Magreza da mãe
77. Malformação cardíaca fetal 
78. Mecônio no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal)
79. Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio) 
80. Miscigenação racial (pelo "elevado risco" de desproporção céfalo-pélvica) 
81. Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) 
82. Obesidade materna
83. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência urbana 
84. Paciente “não tem perfil para parto normal”
85. Paciente “não ajuda para o parto normal” (momento vidente ON: “no fundo ela quer cesárea”)
86. Parto "prolongado" ou período expulsivo "prolongado" (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas) 
87. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas) 
88. Perineoplastia anterior
89. Pé nas costelas
90. Pé torto congênito
91. Placenta grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação
92. Plaquetas baixas não oclusivas do colo do útero
93. Possível falta de vaga em maternidade para um parto normal, caso a gestante não marque a cesárea
94. Pouco líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em gestantes normais)
95. Praticar musculação ou ser atleta 
96. Pressão alta 
97. Pressão baixa 
98. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia e descolamento da retina 
99. Profissão professora
100.  Prolapso de valva mitral 
101.  Qualquer malformação fetal incompatível com a vida 
102.  Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez 
103.  Reação vasovagal
104.  Sedentarismo 
105.  Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via   histeroscópica
106.  Ser bailarina 
107.  Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico 
108.  Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia 
109.  Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
110.  Tabagismo 
111.  Trabalho de parto prematuro 
112. Tricomoníase
113.  Trombofilias 
114. Trombose venosa profunda
115.  Varizes uterinas 
116.  Uso de antidepressivos ou antipsicóticos 
117. Uso de aspirina
118.  Uso de heparina de baixo peso molecular ou de heparina não fracionada 
119.  Útero bicorno
120. Vaginose bacteriana
121.  Varizes na vulva e/ou vagina


Soube de mais algum pretexto estapafúrdio para cesariana? Escreva para melania.amorim@gmail.com ou poste no perfil do Facebook: Melania Amorim

Fonte: http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/indicacoes-reais-e-ficticias-de.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário